Lançada em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, a animação "Dumbo" foi um dos primeiros longa-metragens produzidos pela Walt Disney Productions.
Setenta e oito anos após seu lançamento, a história do simpático elefantinho conhecido pelas orelhas enormes e pela capacidade de voar, ganhou uma versão live action dirigida por Tim Burton - cineasta por trás de outra reimaginação das histórias da Casa do Mickey, "Alice no País das Maravilhas".
Voltando mais de um século no tempo, conhecemos a história de Jumbo, um famoso elefante que serviu de inspiração para a recente superprodução. Confira abaixo:
A privação de liberdade

Jumbo nasceu na Abissínia, atualmente Etiópia, em 1860. Aos dois anos, foi capturado por caçadores que mataram sua mãe, que fora assassinada simplesmente porque tentou proteger seu filhote - como qualquer mãe faria.
O elefantinho foi posteriormente batizado de Jumbo, que significa "olá" na língua suaíli, uma das mais reverenciadas e ainda faladas no Quênia e Uganda.
Oitenta anos depois, seu nome foi alterado para Dumbo, que quer dizer algo como "bobo" em inglês.
Jumbo foi levado da África para Paris em péssimas condições de viagem - muitos nem acreditavam que ele suportaria a viagem. No caminho, ainda tentaram trocá-lo por um rinoceronte no Zoológico de Londres, ambos em condições deploráveis.
Chegada ao zoológico

Divergindo da história da Disney, Jumbo era peculiar por ser da raça africana, isto é, por ser muito grande, e não por conta de suas orelhas.
Isso interessou bastante o diretor do zoológico, Abraham Bartlett, que resolveu ficar com Jumbo apesar de o elefante estar doente e com poucas chances de sobreviver. “Nunca uma criatura mais deplorável e doente havia andando por estes caminhos de Deus”, escreveu o diretor, que possivelmente inspirou o personagem Max Medici, vivido no novo filme pelo ator Danny DeVito. Então, um funcionário foi designado para cuidar do animal.
Holt Farrier / Matthew Scott

Quem cuidou de Jumbo foi Matthew Scott, um homem dúbio, ora bom, ora mal com o elefante.
Scott passou seis meses dormindo com o animal em sua jaula - tempo suficiente para que um vínculo emocional fosse estabelecido entre os dois. Com a ajuda do humano, Jumbo recuperou sua saúde, cresceu de tamanho e popularidade.
O transtorno de personalidade de Jumbo

Dos 2 aos 17 anos (1862-1877), Jumbo foi uma das mais conhecidas celebridades nacionais da França.
No entanto, com o passar do tempo o elefante começou a sofrer um estranho transtorno que alterou sua personalidade.
Durante o dia, ele convivia tranquilamente com crianças e adultos, o que só colaborava para aumentar sua popularidade.
Durante as noites, Jumbo virava um animal agressivo, com rompantes de violência que só eram controlados por Scott.
A dolorosa realidade é que Scott controlava os ataques de ira de Jumbo embriagando-o com whisky, fato que nos remete a uma das mais emblemáticas cenas do desenho animado.
Bartlett, o dono do circo, atribuiu o transtorno de Jumbo à idade e aos hormônios do animal, mas a verdade é que o elefante ficava agitado após comer guloseimas dadas pelos visitantes durante o dia. Isso estava provocando danos à dentição, fazendo com que, em várias ocasiões, ele quebrasse as próprias presas. Não é difícil imaginar a dor provocada por esses episódios.
Jumbo, a nova aquisição do circo

Prevendo que uma tragédia seria iminente por conta do comportamento do animal, Bartlett decidiu vendê-lo ao magnata e empresário P.T. Barnum, que pagou 2 mil libras esterlinas pelo elefante - à época, uma fortuna.
O empresário nos faz lembrar o personagem interpretado por Michael Keaton, que deseja comprar Dumbo e faturar alto com as habilidades do elefante.
A compra sem aviso prévio provocou a indignação dos londrinos, que enxergaram nisso uma ofensa nacional. O público queria se despedir do elefante, e algumas pessoas chegaram a arrecadar fundos para recomprar Jumbo. E, quando o animal se negou a embarcar no transporte que o levaria aos Estados Unidos, o simbolismo patriótico atingiu seu auge entre os britânicos, que se consideravam “donos” dele.
Os últimos anos

Quando o elefante africano desembarcou nos Estados Unidos, Barnum o exibiu pelas ruas da Broadway, causando alvoroço entre a população local. Jumbo chegou a cruzar a famosa ponte do Brooklyn junto a outros 20 animais da mesma espécie, com o objetivo de comprovar a segurança daquela grande obra.
Dali em diante, o animal deixou de ser afetado pela constante depressão que o atormentava em Londres em decorrência da solidão. Na América, ele fazia parte de um circo itinerante que ia de cidade em cidade, o que dava ao animal a chance de socializar com outros elefantes.
Jumbo era apresentado como o maior animal do mundo e grande amigo das crianças. Mas a bela e comovente história chegou ao fim quando uma locomotiva acabou com a vida do famoso elefante.
Documentário sobre Jumbo

O empresário Barnum recorreu a vários artifícios para criar uma história fictícia envolvendo a morte de Jumbo e, assim, seguir lucrando com o animal postumamente.
Ele chegou a vender os ossos e a dissecar o corpo do elefante com o intuito de continuar exibindo-o. Segundo a versão fantasiosa, Jumbo tinha morrido em um ato de bravura ao se colocar na frente da locomotiva, que estava indo em direção a um filhote de elefante chamado Tom Thumb. Porém, em 2017, a BBC confirmou que ele havia sido atropelado acidentalmente.
O documentário revelou ainda que Jumbo ingeria muitas moedas jogadas em sua direção durante as apresentações circenses que o animal aspirava com a tromba.
Além disso, os ossos de Jumbo eram tão desgastados quanto os de um elefante idoso, já que durante sua estadia em Londres, o animal carregava mais peso do que deveria. Jumbo morreu aos 24 anos, enquanto a expectativa de vida de um elefante é de pelo menos 70 anos.
Apesar de o elefante ter tido uma vida triste e fatídica, sua história serve como uma reflexão sobre as atitudes cruéis que muitos humanos tomam com relação a outros animais.
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Escrito por Gabriel Pietro,